A expetativa começou a crescer quando, já bem ao sul do
Canadá, colocámos a hipótese de cruzar os EUA pelo interior e não pela costa
oeste, como inicialmente havíamos planeado. Quem mais nos inspirou a mudar o
plano foram dois dos nossos anfitriões, Val e Mark. Eles mostraram-nos as fotos
da sua viagem de bicicleta pelos EUA e foi nesse momento que nos pareceu
interessante percorrer uma rota semelhante à que eles tinham feito.
E assim foi. Dali a cerca de uma semana, estávamos a cruzar
a fronteira e a entrar no estado de Montana, chegando à primeira cidade –
Eureka.
Continuámos depois rumo a sul e atravessámos Wyoming, Utah,
Arizona e um pouco do Novo México, onde estamos agora.
Passaram-se quase 3 meses, dos quais aproximadamente 60 dias
a pedalar.
De todo o trajeto, houve muito que nos tocou e maravilhou.
Por isso deixamos aqui, em resumo, aquelas vivências que mais nos marcaram e
que decerto guardaremos sempre na memória.
1. Visitar os parques
nacionais
Existem mais de 50 parques nacionais nos Estados Unidos. Nós
tivemos o privilégio de passar por 5.
Começámos por entrar no mundo encantado do parque de
Yellowstone. Passámos lá cerca de uma semana e deixámo-nos maravilhar por cada
um dos fenómenos vulcânicos que pudemos contemplar. Yellowstone é um lugar
muito especial, que merece uma visita demorada. (Vejam mais sobre a nossa passagem
por lá no post: O Mundo Encantado de Yellowstone).
Logo a sul de Yellowstone, entrámos no Grand Teton e pedalámos
em cenários com bonitas montanhas e lagos azuis. Passámos lá dois dias.
Depois, já no estado de Utah, fizemos uma pausa no pedal e
numa road trip de 5 dias visitámos
Arches, Canyonlands e Grand Canyon. Foi uma experiência absolutamente fabulosa,
que descrevemos aqui: Os Arquitetos da Natureza.
2. Conhecer o lado
rural do país
Quando estávamos no Arizona, já perto do Novo México,
conhecemos uma rapariga que nos disse que se alegrava por estarmos a percorrer
e conhecer esta zona mais rural dos EUA.
Estas regiões foram as últimas a ser colonizadas, eram de
muito difícil acesso e têm condições bastante inóspitas. Nas palavras dela,
estávamos a visitar “a verdadeira américa”, a do velho oeste.
Nós sentimos muito isso ao longo do caminho. Cruzámos a
“américa” dos cowboys, dos cavalos e das grandes manadas de vacas. Vimos muitas
pessoas que traziam armas à cintura e passámos por várias lojas que vendiam
armas e munições. Conhecemos vários caçadores.
Atravessámos por muitos lugares onde os ranchos de estendem
até à linha do horizonte e onde não nos cruzávamos com quase ninguém durante
horas.
Cruzámos algumas reservas índias (dos Nativos Navajo e Apache).
Notámos o quão pobres parecem ser e quantas oportunidades ali faltam.
Neste lado rural, experimentámos ainda a lonjura das grandes
distâncias entre povoações, às vezes com calor, outras com frio, chuva ou
vento. Percebemos muitas vezes que a próxima localidade que o nosso mapa
prometia, eram apenas duas ou três casas espalhadas em redor da estrada.
Esta é a américa que vemos nos westerns e também aquela que
alimenta alguns dos estereótipos que trazíamos connosco. É uma região cheia de
genuinidade e com uma forte identidade, na qual nos sentimos sempre bem
acolhidos e seguros.
3. Pedalar no deserto
Uma dos primeiros pensamentos que nos ocorreram quando começamos
a aproximar-nos do deserto de Chihuanhuan foi: - Ainda bem que não estamos a
pedalar aqui em pleno verão!
O deserto assustou-nos e maravilhou-nos ao mesmo tempo. A
paisagem de areia, catos e pequenos arbustos, tornou-se numa das mais bonitas
que vimos.
Foi por aqui que encontrámos fantásticos lugares para
acampar e passar a noite. Cada um deles com vista para cenários fabulosos.
Pudemos ver o pôr e o nascer do sol e as cores lindíssimas com que se
iluminavam o céu e a paisagem nesses momentos do dia.
Passámos noites muito frias, ao ponto de acordarmos com gelo
por fora da tenda, e dias bastante quentes.
Fomos presenteados com noites de céu magnificamente
estrelado e várias estrelas cadentes. Sentimos o silêncio da natureza como
nunca o tínhamos sentido noutro lugar.
Atravessar o deserto foi uma experiência e tanto.
Completamente desconhecida para nós até chegarmos aqui.
4. Conviver com os
animais selvagens
Logo no norte de Montana, vimos um urso preto, bem perto de
nós, enquanto estávamos hospedados num atrelado no quintal de um dos nossos
anfitriões.
Em Yellowstone andámos a desviar-nos de uma manada de
bisontes com crias, que decidiram ocupar um trilho por onde passámos.
Durante quase todo o caminho, cruzámo-nos com muitos veados.
E, por duas vezes, vimos antílopes.
No Utah vimos um coiote e passámos várias noites a ouvir as
matilhas uivar enquanto atravessávamos o deserto no Arizona.
Soubemos que por aqui existem cobras cascavéis e até passámos
por uma na estrada. Achamos que já não estaria viva, mas não quisemos
confirmar. Depois desse dia passámos a olhar mais para onde púnhamos os pés
enquanto caminhávamos.
Encontrámos formigueiros que mais pareciam pequenas
montanhas e passámos por aranhas bem grandes.
De todos os animais, o que mais nos preocupou foi uma vespa
grande e amarela que picou o Tiago num dos dias em que ficámos a dormir no
deserto. Como nunca tínhamos visto uma vespa daquelas, não sabíamos se podia ou
não ser perigosa. Felizmente, depois da dor e susto iniciais, os sintomas foram
desaparecendo e soubemos que não era perigosa.
O contacto tão próximos com os animais selvagens foi algo que
nos encantou e nos fez sentir ainda mais parte integrante da natureza que nos
rodeia.
5. Sentir a
proximidade das pessoas
Este é o quinto ponto mas é certamente o mais importante.
Deixámos o melhor para o fim.
Ao longo de toda a travessia dos EUA, deparámo-nos com
pessoas próximas, genuínas e generosas.
Gente que nos abordava onde quer que
fosse e que, com curiosidade, falava connosco, tirava fotografias e nos
felicitava.
Ouvimos muitas vezes a frase “God bless you!”, fomos elogiados e incentivados. Sentimo-nos sempre
bem acolhidos. Quase todas as pessoas sabiam onde fica Portugal, ainda que
algumas nos questionassem se a nossa língua seria o espanhol.
Dormimos em casa de pessoas que não nos conheciam de lado
algum, que confiaram em nós sem hesitar. Serviram-nos refeições maravilhosas e
partilhámos conversas deliciosas.
Criámos laços que, mesmo com distância, sentimos que vão
perdurar.
:)
ResponderEliminarE agora continuam?
Olá Bruno! :) Sim, estamos já a pedalar pelo México. Colocamos posts mais frequentes na nossa pagina de facebook: Tiago e Dani numa Viagem e já temos lá novidades deste país. ;)
EliminarContinuação de boa viagem, que eu estou a adorar seguir.
ResponderEliminarTudo de bom. ;)
Que bom!! :) Obrigad@!!
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