Os mais
recentes 6 dias de viagem duraram cerca de 300km, de Jackson a Evenston.
Entre as
duas cidades, respirámos a rusticidade que por aqui se impõe.
As pequenas
e escassas povoações apoiaram o desenrolar comprido dos nossos dias.
No seu intervalo,
apareceram os terrenos de muitos hectares, as enormes manadas de vacas, os
cavalos e, pontualmente, as ovelhas. Ah, e as montanhas também.
Estes terrenos são infindáveis.
Sem nunca imaginar que um dia pudéssemos contemplar territórios tão grandes, tentamos enquadrar o que admiramos em novas formas de expressar o que sentimos.
- "Acreditavas se alguém te dissesse que para lá daquelas montanhas há planícies a perder de vista?!
- Acreditava! Mas a sensação de que nos perdemos ao percorrê-las só a posso conhecer aqui."
Esta viagem está repleta de olhares iniciais e primeiras sensações. Estreamo-nos constantemente em caminhos e paisagens...
Aqui, para onde quer que o nosso olhar se dirija, o cenário desértico estende-se até ao infinito. Tornamo-nos imperativamente parte dele. Desta terra e deste chão.
Somos os índios e os colonos.
Somos a paz e a guerra.
Somos o cheiro e o vento que o traz...
Somos tudo aquilo que no nosso coração desarruma ao tentar encontrar conforto em novos significados.
E, como se a pele não fosse fronteira, somos tudo o que nos rodeia. Um só, sem limites!
Num dos
dias, sem lugares para acampar, e com todos os terrenos vedados, pedimos a um senhor que nos deixasse montar a tenda num cantinho da sua
propriedade para passar a noite que se apressava a chegar.
Sem nos
conhecer de lado algum, Ladd abriu-nos as portas de casa
e convidou-nos para nos sentarmos à mesa. Alimentou-nos como se fôssemos
família e proporcionou-nos um dos momentos mais doces da viagem.
Enquanto
jantávamos, o filho ligou-lhe e ele contou-lhe entusiasmado que nos tinha por
companhia. Do outro lado, talvez lhe fosse dito para se acautelar e não receber
desconhecidos assim em sua casa.
Ele
respondeu apenas:
-"I'm
still a good judge of characters and they seem really nice kids."
Sentimo-nos
acolhidos e tivemos oportunidade de partilhar boas conversas com o nosso
anfitrião. Na manhã seguinte, despedidas feitas, voltámos ao caminho.
Pelas
planícies rodeadas de montanhas, prosseguimos até Cokeville. De novo sem
parques de campismo. Deixaram-nos ficar nas traseiras de umas bombas de
gasolina e não fosse a rega automática disparar a meio da noite e o rugir dos motores
dos camiões que chegavam e partiam a toda a hora, teria sido uma noite
sossegada. Mesmo assim conseguimos descansar e acordar na disposição de continuar a
desbravar campos e pastos até Randolph.
Por fim, pedalámos para entrar em Evanston, a pequena cidade que interrompeu a ruralidade do
caminho.
Parámos,
descansámos, passeámos e pusemo-nos a planear os próximos dias.
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