Porque não foi fácil chegar a Big Sky

Temos atravessado o estado de Montana como quem anda numa montanha russa meteorológica! 

Para além da amplitude térmica ser enorme, entre o dia e a noite, o tempo pode mudar drasticamente de um dia para o outro. 

Sentimos isso na pele, nos últimos dias… E foi essa a principal razão pela qual não foi mesmo nada fácil chegar a Big Sky.

Há 3 dias, entrámos na floresta nacional de Gallantin, já perto de Yellowstone. 

 

Sentimos que ficou mais fresco e o vento aumentou. Há algum tempo que estamos a subir em altitude e a probabilidade de encontrar temperaturas mais baixas vai aumentando – nomeadamente nesta altura do ano.

Na primeira noite na floresta, acampámos no parque primitivo (água e sanita química ao dispor) de Moose Flat. Este parque fica a cerca de 2000 metros de altitude, entre a estrada 191 e o rio Gallantin.

Adormecemos cedo e na manhã seguinte despertou-nos uma chuva fraca a bater nas paredes da tenda. Meia hora mais tarde, a intensidade da chuva aumentou e o vento começou a soprar muito forte. Estava a pedir que ficássemos por ali naquele dia. 

Foi o que fizemos, ainda que um pouco contrariados. Não nos apetecia ficar num parque de campismo sem serviços, ao lado de uma estrada muito movimentada, num dia de tempestade… Mas pedalar naquelas condições também não era a melhor ideia.

Durante a tarde, o sol ainda nos veio visitar mas não se demorou. 

Dali a pouco, a chuva voltava e continuava a cair pela noite dentro. 

Na manhã seguinte, repetiu-se o episódio da ventania. Levámos mais uns abanões na tenda e depois de algum tempo… acalmou.

Resolvemos arriscar e fizemo-nos ao caminho, mesmo com alguma chuva.
Tínhamos novas roupas impermeáveis (calças e luvas) e, se mesmo assim, ficássemos muito desconfortáveis podíamos encontrar um sítio para ficar em Big Sky – uma pequena povoação, com uma estância de esqui, a 15 quilómetros de distância.

Quando delineámos esta parte do caminho, não estava nos nossos planos passar por lá. Por ser um local turístico, os preços são bastante elevados e não queríamos subtrair muito ao orçamento, assim de uma só vez.

Contudo algumas coisas fizeram-nos mudar o plano…

O caminho revelou-se mais penoso do que pensámos… Por ser um dos principais acessos a Yellowstone, esta estrada tem bastante movimento. E, por alguma razão que ainda desconhecemos, tem muitos camiões (que parecem levar material para obras).

Escolhemos vir por aqui porque esta é uma estrada com inclinações menores e mais progressivas. Mas não imaginávamos que tivesse tanto trânsito. Fazer os tais 15 quilómetros com chuva, trânsito e uma berma muito pequena (ou, às vezes, inexistente) não foi fácil, nem descontraído.

O tempo piorou. Podíamos ver a neve acumulada no topo das montanhas. O frio e a chuva agora mais intensa entravam pelas nossas luvas e sapatos. Arrefeciam-nos as mãos e os pés até nos doerem muito. 

Nada parecia ajudar e o próximo parque de campismo era demasiado longe. 

Tomámos por isso a decisão que nos pareceu mais sensata - ficar em Big Sky.

Instalámo-nos no hotel mais económico que conseguimos encontrar e, a sentir que merecíamos, entregámo-nos às suas comodidades. Só o facto de entrar na receção e sentir que a temperatura quente fazia circular novamente o sangue nas nossas mãos já foi uma verdadeira bênção.

Depois de bem quentes e reconfortados, saímos para comer alguma coisa. A oferta comercial de Big Sky é muita e diversificada… mas confessamos que, no que toca a comer fora, quando há PIZZA a decisão torna-se fácil e rápida. Sim, somos assim bem básicos! Escolhemos a de maior diâmetro e com o preço mais simpático e, em menos de nada, já a tínhamos devorado.

No dia seguinte, nos intervalos da chuva, aproveitámos para fazer um pequeno trilho a pé e tirar umas fotografias.
Por pouco não fomos apanhados por uma chuvada de granizo!