Quando entrámos nos Estados Unidos, pelo estado de Montana,
notámos que a paisagem ficou mais árida. Por comparação com o que vimos no
Canadá.
Aqui quase não havia árvores e os únicos terrenos verdes eram os campos de golfe que iam aparecendo à beira da estrada.
Aqui quase não havia árvores e os únicos terrenos verdes eram os campos de golfe que iam aparecendo à beira da estrada.
Ao chegar a Eureka, percebemos qual a razão da
desflorestação – a indústria madeireira que antes servia a construção do caminho-de-ferro.
A paisagem foi-se mantendo, quase sempre assim, até Columbia
Falls. Foram aparecendo ranchos com vacas e cavalos, sempre com grandes
estruturas de madeira a marcar a entrada, confirmando que esta é uma zona de cowboys
e rodeos.
Chegámos aqui no final de agosto, ainda na época dos fogos
florestais. Durante vários dias pedalámos no interior de uma enorme nuvem de
fumo que o vento espalhava por quilómetros e quilómetros. Sabíamos que no
horizonte se podiam ver as montanhas. Mas o fumo era tão denso que mal lhes
percebíamos o contorno.
Só quando chegámos a Bigfork e choveu um pouco, é que o véu
de fumo desapareceu, deixando-nos ver as Mission Mountains que ladeavam o lago
Flathead, tornando-o ainda mais bonito.
Até agora, nos Estados Unidos, Bigfork foi onde nos
demorámos mais tempo. É um lugar perfeito para parar e relaxar. O lago, só por
si, já merece a estadia. As águas claras, o fundo cheio de pedrinhas coloridas
e os reflexos brilhantes que navegam nas pequenas ondas, são razões suficientes
para ficar.
Para além disso, há a povoação, com as suas casas de madeira
a fazer lembrar os filmes do velho oeste mas numa versão modernizada e cheia de
glamour.
Bigfork formou-se apenas com uma família e um pomar. Agora,
é uma vila turística com várias galerias de arte e um teatro muito afamado onde,
com pena nossa, não havia espetáculo nos dias em que lá ficámos.
Durante a estadia, conhecemos mais quatro viajantes de
bicicleta que também pernoitaram no parque de campismo onde ficámos – 2 senhores mais velhos, na
casa dos 60 e um casal, mais ou menos da nossa idade. Estavam todos a pedalar o
Great Divide – um trilho que segue a linha que, no continente americano, divide as bacias
ideográficas do Atlântico e Pacífico.
Encontrámos bastantes viajantes a fazer este percurso, a
maioria deles com destino final na fronteira com o México. É bem provável que
conheçamos mais alguns pelo caminho.
Depois do descanso, continuámos a rolar em direção a sul. A alguns quilómetros de Bigfork apanhámos a estrada 83 que nos voltou a envolver em montanhas, rios e lagos enormes. Confirmamos que este tipo de paisagem nos preenche e energiza verdadeiramente.
Estamos agora a descer o Swan Valley e a
desfrutar das ligeiras subidas e descidas na estrada, que nos poupam o corpo e
nos permitem avançar de forma mais suave.
Nas proximidades de Seeley Lake, começou a arrefecer e a
chover com mais intensidade. Quando estamos em total contacto com a natureza,
percebemos que o Outono chega mais cedo do que a data que aparece no
calendário. A própria floresta o denúncia, começando a pintar-se em tons de
amarelo, vermelho e até lilás.
Nesta altura do ano há também menos turistas.
Na estrada já nos cruzamos com um menor número de caravanas
e os parques de campismo estão (alguns) quase vazios. É o que acontece com este
onde estamos agora, enquanto escrevemos este texto, em Salmon Lake – junto a mais
um lago daqueles que enche os olhos de beleza e refresca a alma.
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