7 de setembro de 2015


Quando entrámos nos Estados Unidos, pelo estado de Montana, notámos que a paisagem ficou mais árida. Por comparação com o que vimos no Canadá.
Aqui quase não havia árvores e os únicos terrenos verdes eram os campos de golfe que iam aparecendo à beira da estrada.
Ao chegar a Eureka, percebemos qual a razão da desflorestação – a indústria madeireira que antes servia a construção do caminho-de-ferro.

A paisagem foi-se mantendo, quase sempre assim, até Columbia Falls. Foram aparecendo ranchos com vacas e cavalos, sempre com grandes estruturas de madeira a marcar a entrada, confirmando que esta é uma zona de cowboys e rodeos.





Chegámos aqui no final de agosto, ainda na época dos fogos florestais. Durante vários dias pedalámos no interior de uma enorme nuvem de fumo que o vento espalhava por quilómetros e quilómetros. Sabíamos que no horizonte se podiam ver as montanhas. Mas o fumo era tão denso que mal lhes percebíamos o contorno.
Só quando chegámos a Bigfork e choveu um pouco, é que o véu de fumo desapareceu, deixando-nos ver as Mission Mountains que ladeavam o lago Flathead, tornando-o ainda mais bonito.






Até agora, nos Estados Unidos, Bigfork foi onde nos demorámos mais tempo. É um lugar perfeito para parar e relaxar. O lago, só por si, já merece a estadia. As águas claras, o fundo cheio de pedrinhas coloridas e os reflexos brilhantes que navegam nas pequenas ondas, são razões suficientes para ficar.
Para além disso, há a povoação, com as suas casas de madeira a fazer lembrar os filmes do velho oeste mas numa versão modernizada e cheia de glamour.






Bigfork formou-se apenas com uma família e um pomar. Agora, é uma vila turística com várias galerias de arte e um teatro muito afamado onde, com pena nossa, não havia espetáculo nos dias em que lá ficámos.

Durante a estadia, conhecemos mais quatro viajantes de bicicleta que também pernoitaram no parque de campismo onde ficámos  – 2 senhores mais velhos, na casa dos 60 e um casal, mais ou menos da nossa idade. Estavam todos a pedalar o Great Divide – um trilho que segue a linha que, no continente americano, divide as bacias ideográficas do Atlântico e Pacífico.

Encontrámos bastantes viajantes a fazer este percurso, a maioria deles com destino final na fronteira com o México. É bem provável que conheçamos mais alguns pelo caminho.

Depois do descanso, continuámos a rolar em direção a sul. A alguns quilómetros de Bigfork apanhámos a estrada 83 que nos voltou a envolver em montanhas, rios e lagos enormes. Confirmamos que este tipo de paisagem nos preenche e energiza verdadeiramente.







Estamos agora a descer o Swan Valley e a desfrutar das ligeiras subidas e descidas na estrada, que nos poupam o corpo e nos permitem avançar de forma mais suave.

Nas proximidades de Seeley Lake, começou a arrefecer e a chover com mais intensidade. Quando estamos em total contacto com a natureza, percebemos que o Outono chega mais cedo do que a data que aparece no calendário. A própria floresta o denúncia, começando a pintar-se em tons de amarelo, vermelho e até lilás.

Nesta altura do ano há também menos turistas.
Na estrada já nos cruzamos com um menor número de caravanas e os parques de campismo estão (alguns) quase vazios. É o que acontece com este onde estamos agora, enquanto escrevemos este texto, em Salmon Lake – junto a mais um lago daqueles que enche os olhos de beleza e refresca a alma.





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