O momento em que ia passar uma fronteira, pela primeira vez
- sozinha e a pé - aproximava-se.
Comecei a sentir a adrenalina, o nervoso miudinho e mais uma
série de agitações internas alguns dias antes. Sabia que estava cheia de
inseguranças mas nem conseguia encontrar algo tangível que as justificasse…
Afinal, já sabia que transportes ia apanhar e como era o
trajeto. Parecia fácil e organizado. Tinha decidido também partir de manhã cedo
para evitar surpresas com demoras inesperadas. O meu objetivo era chegar, ainda
com luz do dia, a Quito, a capital do Equador.
Percebi que o que mais mexia comigo era mesmo o facto de
estar a avançar sozinha, sem o conforto e apoio de alguém para apaziguar um
coração agitado perante mais uma mudança.
Olhei para esse sentimento e agradeci-o. Se o estava a ter,
era porque me estava a permitir ousar para além do que conhecia, estava a
avançar um passo mais na experiência e confiava de antemão que tudo seria bem
mais fácil e seguro do que os “macaquinhos na minha cabeça” me queriam fazer
acreditar.
Por outro lado, se queria prosseguir viagem, rumo a sul,
teria de me fazer à estrada e avançar para o próximo país.
Deixar a Colômbia significava despedir-me de um país de
gente muito querida, farto em paisagens grandiosas e um marco muito importante
no que diz respeito à decisão de viajar sozinha.
Ter chegado a Ipiales, a cidade fronteiriça às portas do
Equador, era o culminar da rota que tinha planeado fazer no país que me
preparava para deixar.
Esperei que a dinâmica das eleições do referendo para o
acordo de paz terminasse e que se voltasse a regularizar o trânsito na
fronteira que esteve fechada durante todo o dia de domingo.
Finalmente, na manhã de segunda-feira, avancei.
Ipiales – Rumichaca
O primeiro passo consistiu em apanhar o transporte que vai
desde o terminal de Ipiales até à fronteira de Rumichaca. É muito fácil
encontrar estas carrinhas na parte de cima do terminal de autocarros. Já não me
recordo ao certo do preço mas deve ter rondado os 2000 pesos, cerca de 0,60€.
A viagem é rápida e no momento em que se chega ao lugar onde
se tem de carimbar o passaporte para sair da Colômbia, o condutor pergunta quem
fica ali.
Saída da Colômbia
Para dar saída da Colômbia, só é preciso esperar na fila e
apresentar o passaporte para ser carimbado. Não é necessário pagar nenhum
valor.
Ainda do lado de cá da fronteira aproveitei para cambiar os
poucos pesos colombianos que tinha, por cerca de 9 dólares, já que o dólar é a moeda que se
usa no Equador.
Cruzar a Ponte para
Entrar no Equador
Talvez a imagem da ponte de Rumichaca seja a mais marcante
para quem passa esta fronteira a pé. No final da ponte, há um sinal que marca a
entrada no Equador.
Do outro lado, os procedimentos são igualmente fáceis e
gratuitos. Para além de me carimbar o passaporte, o simpático funcionário indicou-me
que tinha 90 dias para usufruir da minha estadia no país e entregou-me um
folheto com alguns alertas de segurança.
Rumichaca - Troncal
Depois de já estar oficialmente noutro país, realizei a primeira viagem em terreno equatoriano numa
carrinha semelhante à que tinha apanhado em Ipiales. O trajeto foi quase sempre
a subir até chegar a Troncal. O bilhete, desta vez, custou 0,75$.
Fui até à paragem final, no terminal de transportes da cidade para aí apanhar o autocarro para Quito.
Assim que a carrinha onde vinha abriu a porta, todos os
passageiros foram abordados de imediato pelos trabalhadores das empresas de
autocarros que têm como objetivo arranjar mais clientes.
Eu acabei por me “desmarcar” deles, agarra a
minha bagagem e caminhei diretamente no sentido da bilheteira para comprar o
bilhete para Quito.
Troncal – Quito
Os autocarros para a capital saem com bastante frequência. Depois de comprar o bilhete, que me custou 6 dólares, desci umas escadas e saí de Trocal
em menos de 5 minutos.
A viagem demorou cerca de 7h, num autocarro que não era
especialmente confortável.
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Paisagem do Equador na Viagem de Troncal para Quito |
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Paisagem do Equador na Viagem de Troncal para Quito |
Fizemos várias paragens pelas localidades do caminho e em quase todas entravam mais de
meia dúzia de vendedores que ofereciam comida aos passageiros. Desde batatas
fritas, a frango assado, havia um pouco de tudo.
Em Quito
O autocarro termina a sua viagem no terminal de Carcelén, no
norte da cidade.
Como ainda não sabia como funcionavam os transportes e o
final da tarde já se aproximava, decidi apanhar um táxi para o hostal onde já
tinha feito a reserva.
O táxi custou 10 dólares, o que não é barato para o Equador
mas a verdade é que a distância ainda é considerável.
Com a chegada ao hostal, respirei fundo e dei por terminado o percurso que
incluía a passagem da fronteira da Colômbia para o Equador que tanto estava a
mexer comigo mas que afinal foi bem mais fácil e tranquilo do que eu imaginava! :)
Nota: Todas as informações e valores dizem respeito a outubro de 2016.
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