9 de janeiro de 2016

Depois de viajar durante dois meses por regiões desérticas, ansiávamos voltar ao verde e à montanha. Sabíamos que isso nos traria novamente o desafio das subidas e o regresso ao frio, de que pouco gostamos… Ainda assim confiámos que esses contras seriam superados pelas bonitas paisagens e pela boa energia da Sierra Madre!

Saímos de Saltillo e tomámos a direção de Arteaga. O plano consistia em apanhar a auto-estrada 57 e pedir permissão para acampar num restaurante junto à saída para Los Lírios. E, de facto, podia ter sido isso que faríamos se não tivéssemos conhecido o Hector, à saída de Arteaga!

Entre dois dedos de conversa, depressa criámos empatia e, depois de ouvir os nossos planos, este simpático mexicano conseguiu que uma amiga sua nos deixasse acampar num aldeamento turístico onde estava a construir uma casa. Era bem próximo do lugar para onde planeávamos ir. Assim, seguimos pelas subidas e curvas da auto-estrada até à saída para onde íamos ficar. Pacientes, o Hector e a Dulce iam-nos esperando, de carro, nos pontos onde tínhamos de mudar de direção.

Chegados a El Diamante, fomos apresentados aos caseiros do aldeamento, a Santos e o Bernardo. Este casal surpreendeu-se com a nossa epopeia e, para além de nos fazer um delicioso jantar, ainda nos ofereceu dormida numa das cabanas do aldeamento. Segundo eles se ficássemos na tenda, congelávamos com o frio que fazia de noite!

Da direita para a esquerda: Santos, Bernardo, Hector e Dulce
Huevos Rancheros com Frijoles
Cabana onde ficámos

Na manhã seguinte, fizemo-nos à estrada, continuando a travessia da Serra de Arteaga e tomando a direção do Parque Nacional dos Cumbres de Monterrey. Levámos connosco a recomendação para pedir alojamento em Los Lírios, na casa da Flor e do Gabriel, familiares dos caseiros que nos acolheram em El Diamante. Assim fizemos e fomos recebidos com muito carinho, para além de desfrutarmos de maravilhosas refeições caseiras!



Descansámos muito bem e preparámo-nos para começar a subir a sério… Até San Jose de Boquilhas o caminho ainda foi meigo connosco mas depois desta localidade, “escalámos” o pedaço de estrada que atravessa La Peñita. Avançámos bem devagar, a empurrar as bicicletas à mão pela encosta acima!




Vale que tudo tem um fim e aquela subida também terminava. Respirámos de alívio e desfrutámos da grande descida até Ciénega de Gonzalez. Para além do deleite da descida, ainda nos regalámos a contemplar a maravilhosa paisagem montanhosa e o gigantesco Canyon de San Isidro. Um lugar maravilhoso, muito cobiçado por amantes de desportos radicais e, especialmente, por escaladores. Há algumas pessoas que vêm propositadamente dos EUA para escalar aqui.





Com tanta procura, existe oferta de alojamento para todos os gostos. Na Ciénega de Gonzalez acabámos por ficar num parque de campismo – La Aldea. O preço pareceu-nos um pouco inflacionado, 100 pesos por pessoa, mas as condições eram boas.

Para quem venha para estes lados, existe outra opção de campismo mais barata, a Doña Kika. Uma senhora que tem uma mercearia com um terreno ao lado, onde se pode acampar. É bastante popular entre os escaladores mas não sabemos quais são as condições das casas de banho e restantes instalações de apoio.

Esta povoação tem pouco que ver. Resume-se a algumas casas e muita oferta de serviços para turistas… 

Daqui até à Villa de Santiago são pouco mais de 20 quilómetros. Começa por subir uns bons 8 quilómetros e, em seguida, desce vertiginosamente com inclinações de mais de 20%.
Decididamente não recomendamos fazer esta estrada, de bicicleta carregada, no sentido Santiago – Saltillo. É bem difícil!



Antes de chegar a Santiago, passámos pelo parque da Cola de Caballo e fomos visitar a cascata. A entrada custa 40 pesos mas vale a pena. É um lugar bonito que convida a passar o dia pois, para além da cascata, tem mesas e assadores para uns churrascos em família ou com amigos.


Dalí, chegámos rapidamente a Santiago que é uma vila muito bonita, ao estilo colonial. A oferta de alojamento é escassa e pouco económica. Tivemos sorte em encontrar a Posada de Colores, na Praça Hidalgo. É um hotel recente, uma antiga escola remodelada pela Mariana e pelo Armando um casal jovem e agradável. A oferta é flexível pois dispõe desde quartos com wc (mais caros) a camaratas (a um valor mais comedido). Optámos pelas camaratas, a 250 pesos por pessoa. (Deixamos a nota de que foi este mesmo valor que nos pediram no parque de campismo da cidade, quando os contactámos por telefone!!)



Ficámos um dia em Santiago, aproveitando para visitar o centro e descansar um pouco. Terminamos o post com algumas fotos deste “Pueblo mágico”, assim designado pelas suais características e história.





1 comentários:

  1. Amigos,
    quando vos venho visitar e paro para saborear as fotos que publicam e a prosa com que nos brindam, vivo invariavelmente uma explosão de sentimentos, projecções, ideias, afectos,... misturados entre os alegres/felizes e os de raiva (feliz, porque são amigos meus que estão a viver esta inesquecível experiência, repleta de outras pequenas experiências únicas e que dificilmente se irão repetir, de Raiva, porque nunca contrariei que o meu comodismo e cobardia quebrasse o establishment social e o "senso comum" que atrofia e inibe vivermos os nossos sonhos (este de uma viagem como a vossa, sei que não tem sido só meu, tem sido de milhões de outros, mas apenas uns escassos LOUCOS os tornam realidade.

    ...Meus Loucos queridos, amo-vos na coragem, no empenho, na simplicidade e no requinte como estão a viver estes momentos..

    ..continuem a pedalar na velocidade, pelas estradas e pela vida sem perderem a atitude que vos caracteriza

    Aquele abraço..
    Joao Matias

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