Saímos do parque de campismo de Kerkeslin e pouco depois
começámos a rolar ao lado do rio Sunwatpa, um afluente do Athabasca que nos
acompanhou até aqui.
Os montes sem fim, das Rockies, continuam a deslumbrar-nos e
paramos frequentemente para lhes tirar fotografias.
Numa dessas paragens, passou por nós um casal que tínhamos
conhecido no parque. Pararam e tiraram fotos connosco. Eles vivem no Arizona
(EUA) e estão reformados. Estão a fazer uma viagem de caravana, durante vários
meses e vão parando em alguns locais onde o Jeff participa em provas de
corrida. Ele só começou a praticar desporto há 15 anos (para emagrecer) mas é
um verdadeiro atleta que corre maratonas!! Também gosta de bicicleta e ficou
super entusiasmado com a nossa viagem.
Terminámos o encontro com um convite para passarmos no
Arizona, com a promessa de uma visita guiada ao Grand Canyon. Quem sabe!
Vontade não nos faltará.
Continuámos a viagem em direção aos glaciares, para chegar
ao Columbia Icefield.
Já estamos a apanhar umas boas subidas e, por isso, a sentir
necessidade de moderar as distâncias que percorremos por dia.
Tínhamos planeado ficar no parque de campismo de Jonas Creek
mas sentíamo-nos com energia e resolvemos avançar mais um pouco para ficar no
hostel de Beauty Creek.
Ao longo do caminho fomos alimentando a expetativa de um
duche quentinho e uma casa de banho com autoclismo e lavatório (que, com
frequência não existem nos parques de campismo por onde temos passado, pelo que
andamos a dever uns banhos ao corpinho).
Assim, estas condições e uma cama normal seriam os luxos
desta noite. Contudo, a nossa expetativa não foi atingida… Afinal este hostel
pertence à rede dos Wilderness Hostel, os hosteis da natureza selvagem, e
dispõe de muito poucos equipamentos para os hóspedes.
Este em particular tinha 3 quartos (camarata) e uma cozinha.
As casas de banho eram duas sanitas químicas (tipo festival) que ficavam à
beira da estrada e eram usadas quer pelos hóspedes do hostel, quer por toda e
qualquer pessoa que ali parasse!!
Duches não existiam e eletricidade também não. Todas as
lâmpadas, aquecimento e fogão funcionavam a gás. Também não havia canalização,
pelo que toda a gestão da água se fazia de forma racionalizada, usando
contentores e baldes. A água potável era usada para cozinhar e beber. Para
lavar a loiça, usava-se a água do rio que corria ali mesmo ao lado (depois de
fervida).
Por estas condições, pagámos aproximadamente 20€, cada um!!
Como bónus, ainda tivemos a visita de um pequeno rato
durante o jantar.
Tentámos saber junto do gerente do hostel qual era a
previsão meteorológica para os dias seguintes. Ao que nos respondeu que não
sabia, pois na “natureza salvagem” também não há sinal de rádio. Por isso só no
dia seguinte é que íamos perceber. E mesmo assim, não seria garantido pois,
como também nós já percebemos, o tempo nas montanhas muda muito rapidamente.
Até podemos amanhecer com sol e dali a algumas horas, chove a cântaros.
E assim estamos, a viver verdadeiramente em contacto com a
Natureza, sem sinal de rádio, rede de telemóvel, internet, duche quente ou
mesmo autoclismo. E tudo isto num país do hemisfério norte.
Wilderness – todo
um novo conceito para nós!
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