A cidade de Jasper foi construída no centro de um círculo
perfeito de montanhas, no vale do rio Athabasca.
Varre-se o olhar a 360° e vêem-se montes em toda a linha do horizonte. De alturas diferentes e com cores variadas, desde o vermelho da rocha, ao verde das árvores e aos pedaços de branco da neve que teima em perdurar. Cada tom e cada recorte, entre a terra e o céu, são de uma imensa beleza.
É difícil escolher as palavras que melhor descrevem a
paisagem, sem repetir sempre os mesmos adjetivos… Inspirador, imponente,
soberbo… Cada parte da viagem apela a novas formas de descrever os lugares que
vão aparecendo. O próprio verbo viajar, contém em si tanto sentido e tantas
palavras, tanto movimento e ao mesmo tempo tantas pausas para contemplar que
nos perdemos nas descrições.
Uma das coisas divertidas das viagens é poder imaginar cada lugar
mesmo antes de o termos alcançado. Como serão as pessoas, os cheiros, as cores
e os sabores… Mas, tal como na vida, só vamos conhecer verdadeiramente cada
local quando lá chegamos e nos permitimos vivê-lo.
E assim foi também com a cidade de Jasper, que nos apareceu
em pleno parque natural, depois de mais de 350 km pedalados, e nos permitiu sentir
por alguns dias a rotina de um pequeno lugar que acolhe turistas amiúde, desde
o final do século XIX.
A cidade está encaixada no vale e é bem diferente das outras
que cruzámos até agora, pequenina e pitoresca. Sentimo-nos calorosamente
acolhidos, num dos fins-de-semana mais concorridos do ano, por ser prolongado,
com feriado nacional a 3 de agosto.
Os turistas de antigamente, procuravam aventura e um estilo de férias selvagem. Os de hoje, são mais adeptos do contacto com a Natureza e da tranquilidade deste lugar onde se pode admirar a paisagem, fazer caminhadas, montanhismo, canoagem, rafting, ski (no Inverno), e tantas outras coisas.
Nós também quisemos aproveitar este potencial de Jasper e
subimos no teleférico mais alto do Canadá até ao monte Whistlers para admirar
todo o vale, desde os 2300m de altitude.
O Tiago aproveitou ainda para matar as saudades da BTT e
alugou uma bicicleta de montanha para percorrer alguns dos muitos trilhos que
existem por aqui.
A Daniela preferiu a calma do lugar para dormir até mais
tarde, saborear um café na cidade, usufruir dos bancos de jardim com vista para
as montanhas e visitar um museu.
E também nos premiámos com um belo almocinho de restaurante.
Tudo isto, sem pressas e sem horários, simplesmente ao ritmo
de cada um. Sabe bem viajar assim. Ultrapassar a visão do fim pré anunciado dos
períodos de férias e, por momentos, viver em cada instante uma liberdade que
se sente para sempre.
Chegado o dia de sair de Jasper, tomámos a direção de Lake
Louise, e continuámos nas subidas e descidas das Montanhas Rochosas. Mudámos de
estrada e seguimos agora pela número 93, rumo ao sul. Esta é uma rota mais
turística e parece-nos que vamos encontrar mais viajantes de bicicleta. Não
seremos os únicos (como até agora) a pedalar, carregados que nem mulas.
Vamos ver quem aparece, como vão ser os próximos dias e que
lugares cruzaremos para continuar a contar a história desta viagem que se faz
devagar, ao ritmo de cada momento.
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