26 de outubro de 2016



O momento em que ia passar uma fronteira, pela primeira vez - sozinha e a pé - aproximava-se.
Comecei a sentir a adrenalina, o nervoso miudinho e mais uma série de agitações internas alguns dias antes. Sabia que estava cheia de inseguranças mas nem conseguia encontrar algo tangível que as justificasse…

Afinal, já sabia que transportes ia apanhar e como era o trajeto. Parecia fácil e organizado. Tinha decidido também partir de manhã cedo para evitar surpresas com demoras inesperadas. O meu objetivo era chegar, ainda com luz do dia, a Quito, a capital do Equador.

Percebi que o que mais mexia comigo era mesmo o facto de estar a avançar sozinha, sem o conforto e apoio de alguém para apaziguar um coração agitado perante mais uma mudança.

Olhei para esse sentimento e agradeci-o. Se o estava a ter, era porque me estava a permitir ousar para além do que conhecia, estava a avançar um passo mais na experiência e confiava de antemão que tudo seria bem mais fácil e seguro do que os “macaquinhos na minha cabeça” me queriam fazer acreditar.

Por outro lado, se queria prosseguir viagem, rumo a sul, teria de me fazer à estrada e avançar para o próximo país.

Deixar a Colômbia significava despedir-me de um país de gente muito querida, farto em paisagens grandiosas e um marco muito importante no que diz respeito à decisão de viajar sozinha.

Ter chegado a Ipiales, a cidade fronteiriça às portas do Equador, era o culminar da rota que tinha planeado fazer no país que me preparava para deixar.



Esperei que a dinâmica das eleições do referendo para o acordo de paz terminasse e que se voltasse a regularizar o trânsito na fronteira que esteve fechada durante todo o dia de domingo.

Finalmente, na manhã de segunda-feira, avancei.

Ipiales – Rumichaca

O primeiro passo consistiu em apanhar o transporte que vai desde o terminal de Ipiales até à fronteira de Rumichaca. É muito fácil encontrar estas carrinhas na parte de cima do terminal de autocarros. Já não me recordo ao certo do preço mas deve ter rondado os 2000 pesos, cerca de 0,60€.

A viagem é rápida e no momento em que se chega ao lugar onde se tem de carimbar o passaporte para sair da Colômbia, o condutor pergunta quem fica ali.

Saída da Colômbia

Para dar saída da Colômbia, só é preciso esperar na fila e apresentar o passaporte para ser carimbado. Não é necessário pagar nenhum valor.

Ainda do lado de cá da fronteira aproveitei para cambiar os poucos pesos colombianos que tinha, por cerca de 9 dólares, já que o dólar é a moeda que se usa no Equador.

Cruzar a Ponte para Entrar no Equador

Talvez a imagem da ponte de Rumichaca seja a mais marcante para quem passa esta fronteira a pé. No final da ponte, há um sinal que marca a entrada no Equador.



Do outro lado, os procedimentos são igualmente fáceis e gratuitos. Para além de me carimbar o passaporte, o simpático funcionário indicou-me que tinha 90 dias para usufruir da minha estadia no país e entregou-me um folheto com alguns alertas de segurança.

Rumichaca - Troncal

Depois de já estar oficialmente noutro país, realizei a primeira viagem em terreno equatoriano numa carrinha semelhante à que tinha apanhado em Ipiales. O trajeto foi quase sempre a subir até chegar a Troncal. O bilhete, desta vez, custou 0,75$.

Fui até à paragem final, no terminal de transportes da cidade para aí apanhar o autocarro para Quito.

Assim que a carrinha onde vinha abriu a porta, todos os passageiros foram abordados de imediato pelos trabalhadores das empresas de autocarros que têm como objetivo arranjar mais clientes.

Eu acabei por me “desmarcar” deles, agarra a minha bagagem e caminhei diretamente no sentido da bilheteira para comprar o bilhete para Quito.

Troncal – Quito

Os autocarros para a capital saem com bastante frequência. Depois de comprar o bilhete, que me custou 6 dólares, desci umas escadas e saí de Trocal em menos de 5 minutos.

A viagem demorou cerca de 7h, num autocarro que não era especialmente confortável.

Paisagem do Equador na Viagem de Troncal para Quito

Paisagem do Equador na Viagem de Troncal para Quito

Fizemos várias paragens pelas localidades do caminho e em quase todas entravam mais de meia dúzia de vendedores que ofereciam comida aos passageiros. Desde batatas fritas, a frango assado, havia um pouco de tudo.

Em Quito

O autocarro termina a sua viagem no terminal de Carcelén, no norte da cidade.
Como ainda não sabia como funcionavam os transportes e o final da tarde já se aproximava, decidi apanhar um táxi para o hostal onde já tinha feito a reserva.

O táxi custou 10 dólares, o que não é barato para o Equador mas a verdade é que a distância ainda é considerável.

Com a chegada ao hostal, respirei fundo e dei por terminado o percurso que incluía a passagem da fronteira da Colômbia para o Equador que tanto estava a mexer comigo mas que afinal foi bem mais fácil e tranquilo do que eu imaginava! :)


Nota: Todas as informações e valores dizem respeito a outubro de 2016.


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