1 de novembro de 2015

O vento, a chuva, o gelo, as temperaturas extremas, os movimentos da terra e tantos outros arquitetos da natureza, talharam artisticamente as rochas selvagens dos três parques naturais por onde passámos: Arches, Canyonlands e Grand Canyon.

Para fazer esta parte do caminho alugámos um carro e conduzimos de Price (Utah) a Flagstaff (Arizona). A principal razão para colocar as bicicletas e os alforges dentro de um porta bagagens foi o facto do nosso visto estar a terminar. Temos menos de um mês para fazer o percurso que nos resta até à fronteira e, com este prazo apertado, dificilmente conseguiríamos fazer tudo só de bicicleta.

O carro ajudou-nos a encurtar as distâncias na travessia das terras desérticas e permitiu-nos visitar alguns lugares onde, devido às inclinações e condições da estrada, não iríamos desfrutar tanto indo "a pedal".

Nesta mini road trip sentimos como cada um dos parques é singular e especial. Pudemos ver um trabalho da natureza que nos transcende e perguntamo-nos quantos (milhões de) anos foram precisos para aperfeiçoar esta obra de arte?



Quando se chega a qualquer um destes lugares há um convite à contemplação e, quase, à meditação. A natureza pede-nos, como que num ritual, que nos conectemos com o que nos rodeia. E, por momentos, apetece aplaudir aquelas paisagens.

As emoções sentem-se fortes. Há até uma lágrima que espreita e quer cair em privilégio.

As rochas que nos elevam, quando caminhamos sobre elas, conduzem-nos a miradouros naturais e as imagens que desde lá vemos são encantadas e divinas. Tão rebeldes e surreais que deixamos de existir só de olhar para elas. Tudo à volta desaparece, qual feitiço.

Fica a angústia de não conseguir reproduzir cada sensação nas fotografias que tiramos. Se ao menos isso fosse possível…  



Podemos resumir e descrever cada lugar em palavras e em imagens. Mas será sempre uma partilha filtrada pela nossa vivência. No entanto esperamos que esta partilha possa ser também um convite tentador para, quem nos acompanha, vir conhecer estes lugares ao vivo.

Arches National Park 

Neste parque natural, há arcos e janelas que espreitam para cenários colossais. 

Quando lá chegámos as rochas tinham ainda o brilho deixado pela chuva que acabara de cair. Cintilavam e emanavam vida.

O que lá existe é um jardim feito de pedra e transformado lentamente pelo tempo. Cada rocha construiu uma personalidade própria e impõe-se na paisagem com firmeza e caráter.



À hora do pôr-do-sol as sombras de cada pedra alongam-se pelo chão e a luz reforça aquela cor alaranjada, tão característica.

Com a noite a chegar e algumas estradas fechadas (por causa da chuva abundante) deixámos muito por ver. Soube a pouco. E, ao mesmo tempo, foi tanto… imenso. Intenso!

Canyonlands National Park

No dia em que planeámos ver as Canyonlands, acordámos envoltos em chuva e nevoeiro. 

Pensámos que quando chegássemos ao parque só íamos ver nuvens sobre os rochedos e… nada mais.

Felizmente, o céu foi abrindo e conseguimos desfrutar deste parque natural durante quase todo o dia.

Sendo menos popular que os Arches ou o Grand Canyon, não convida tantos visitantes. 
Mas, dos 3, foi o que mais nos impressionou. Excedeu toda e qualquer expetativa que pudéssemos ter.



Fizemos alguns dos trilhos nos quais “escalámos” pedras enormes, rudes e toscas.



Cada vez que chegávamos ao topo éramos desafiados a fazer mergulhos profundos com o olhar. Só nos apetecia ter asas, apanhar as correntes de vento e voar sobre aqueles desfiladeiros tão bem talhados e impressionantemente belos.

Chamam-lhe ilhas no céu. Ilhas cuja terra os rios rasgaram com suavidade, formando curvas infinitas.



Quando ali estamos sentimos que entramos no cenário de num filme de fantasia… É como se a natureza nos desfiasse a acreditar que tudo aquilo é real e não apenas uma aparente ilusão.



Nestas terras encantadas, há um espetáculo natural magnífico que estreia todos os dias, com artistas invisíveis que laboram no mais bonito silêncio!

Grand Canyon National Park

O Grand Canyon parece feito de anfiteatros gigantes. Ao vê-lo de cima, apetece caminhar pelos vários trilhos que nos levam lá abaixo, às margens do rio. Com apenas um dia para fazer a visita não nos alongámos nas caminhadas… Mas teria sido certamente muito bom se tivéssemos ficado mais tempo!



O nome deste canyon adequa-se perfeitamente à sua grandeza. Pede para nos demorarmos (se tal for possível).

Para ajudar à visita, há vários autocarros que percorrem diferentes percursos no parque e que são gratuitos. Há também um comboio - que ficou por experimentar.



Não falta paisagem para ver, admirar e explorar.
Há ainda o rio Colorado lá ao fundo, pequenino.
Moroso, vai devorando a terra. Esculpindo-a.



Estivemos apenas na parte sul do canyon (south rim) mas existe também uma estrada do lado norte que nos disseram ser menos turística e igualmente bela. Quem sabe se no futuro vamos até lá conhecê-la! 


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