5 de novembro de 2013



A viagem começou no dia 19 de outubro.
Devidamente equipados e com as bicicletas "artilhadas", com alforges e tenda, saímos de casa (Lisboa) para pedalar até Odeceixe. Sentimos uma certa adrenalina e um estado geral de contentamento por nos desafiarmos a fazer a nossa primeira longa viagem a pedal - 431 km, ida e volta.
Foi um pequeno teste para perceber como nos guiamos pelo mapa de estradas, como reagimos a pedalar mais de 50 km por dia e como nos desenvencilhamos quando chove!

Dia 1

No primeiro dia fizemos 39 km, de Lisboa a Setúbal. Foi o aquecimento!
Apanhámos o barco para o Barreiro, no Terreiro do Paço. Os bilhetes custam 2,90€ por pessoa e as bikes não pagam (gostámos desta parte!).
Chegados ao Barreiro, seguimos sempre em direção à Moita. Era sábado de manhã e havia algum movimento na estrada. A maior parte dos carros e sobretudo os camiões dão o devido espaço nas ultrapassagens, mas há sempre uns quantos motoristas que ainda não cumprem esta regra...
De qualquer modo, a viagem foi tranquila. O grande desafio foi mesmo a subida para a Palmela, pequena mas inclinada no final (com 14%). Depois deste teste à força de pernas veio a bênção "sempre a descer" até Setúbal.
Em Palmela, depois da subida

Foi bom chegar e conhecer o hostel onde ficámos hospedados - "Cool Hostel". É bem perto do centro, tem excelentes instalações (ainda cheira a novo) e o pessoal é muito simpático. Passo a passo lá fomos levando bagagens e bicicletas no elevador até ao 4.º andar, instalámo-nos e recuperámos forças para o dia seguinte.

 

Dia 2
De Setúbal até à Lagoa de Santo André.
De manhã cedo fomos para ao porto e atravessámos o rio Sado no ferry que liga Setúbal a Tróia.
No barco de Setúbal para Tróia
No barco, conhecemos os primeiros cicloturistas da viagem - a Marie e o Arnaud - um casal belga que iniciou a pedalada em Bruxelas, há 3 meses. O plano deles é seguir até Sevilha e depois, no sul de Espanha, apanhar um barco para o Brasil. Deixámo-los em Tróia, pois a bicicleta da Marie tinha um furo e ainda iam tomar o pequeno almoço. (Viríamos a encontrá-los dois dias mais tarde em Vila Nova de Milfontes!)
Seguimos pela estrada de Tróia até à Comporta que é plana e agradável. Cruzámo-nos com muitos ciclistas e apanhamos um domingo relativamente quente e soalheiro.
Depois de 55 km chegámos ao parque de campismo da Lagoa de Santo André. "Armámos a barraca", tomámos uns duches quentinhos e fomos jantar.
No parque de campismo só estava a nossa tenda, os restantes campistas estavam de caravana!

A caminho da Lagoa de Sto André
Parque de Campismo da Lagoa de Sto André


Dia 3
Da Lagoa de Santo André para Vila Nova de Milfontes.

Ajudou-nos a dica do senhor que trabalhava na receção do parque de campismo sobre o melhor caminho para chegar a Milfontes.
A partir de Vila Nova de Santo André, há uma espécie de IC com obras ainda por acabar e que permite seguir de bicicleta pela berma, que é larga e dá uma boa sensação de segurança.

Vamos por aqui até Sines e vemos muitos ciclistas de estrada a quem cumprimentamos e acenamos!

Estrada para Sines


Neste dia o vento de frente não nos largou. Foi uma boa prova de esforço, pedalámos o dia todo com a resistência do vento contra e com uma barulheira infernal nos ouvidos.

Em São Torpes, parámos para descansar e almoçar numa tasquinha à beira-mar na companhia dos trabalhadores da refinaria de Sines. Enquanto comíamos passaram por nós mais dois ciclo-viajantes, dois rapazes que seguiam em direção a Norte. Surpreendeu-nos o facto de um deles pedalar descalço e de chapéu na cabeça (como é que o chapéu se mantinha ali com aquela ventania?!)! :)

Depois de almoço, pedalar custa sempre mais mas lá fomos pela bonita estrada das praias que segue para Porto Covo. Por momentos quase que nos esquecemos do vento com a possibilidade de contemplar esta paisagem tão bonita!

São Torpes
Estrada para Porto Covo
Estrada para Porto Covo

Num último esforço chegámos a Milfontes, percorrendo ao todo 60 km. Tivemos a sorte de pernoitar na casa da nossa tia Olívia que generosamente nos ofereceu teto durante dois dias. Fizemos uma pausa para descansar e para nos livrarmos de uma grande chuvada que caiu durante quase todo o dia seguinte.



Dia 4

De Milfontes a Odeceixe, cerca de 45 km.

Partimos pelas 8h para conseguirmos chegar a Odeceixe de manhã e nos livrarmos da chuva prevista para a tarde. E assim foi! Chegámos a tempo de almoçar em Odeceixe. Foi bom chegar e sentir que metade do desafio já estava cumprido!

Foi a primeira vez que estivemos em Odeceixe, por isso aproveitámos para ficar de quarta a sábado e visitar a vila e a praia que são lugares muito bonitos.

Foram uns dias de passeios lentos, visita à praia, contemplação da grande chuvada que caiu (agradecendo por nos livrarmos dela) e reposição de novas energias para voltar à estrada.

Odeceixe
Praia de Odeceixe
Praia de Odeceixe



Ficámos no Hostel Seixe, um sítio familiar e simpático no centro da vila. Fomos acolhidos pelo Matias, um alemão que se mudou para Portugal, e que nos deu umas dicas simpáticas para passearmos pela zona.

Quando quisemos comprar um jornal e umas revistas, ficámos a saber que o poderíamos fazer... a 8 km dali! E aí fomos nós até Rogil. No regresso passamos por umas estradinhas agrícolas muito bonitas.



Dia 5

Dia de rumar a norte, para Milfontes e iniciar o regresso a casa.

Desta vez decidimos avançar mais um pouco para encurtar a etapa do dia seguinte e pedalámos até ao Parque de Campismo Sitava (que fica uns 10 km depois de Milfontes).

Gostámos muito das condições do parque e, em época baixa, tem preços bem baratinhos.

Chegámos cedo, ao inicio da tarde, o que nos permitiu ainda piquenicar na praia do Malhão sem apanhar muito frio.

Parque de Campismo Sitava
Praia do Malhão
Praia do Malhão




Dia 6

De Vila Nova de Milfontes até à Lagoa de Santo André.

Desta vez sem vento e com um dia que parecia de Verão! Neste dia mudou a hora e, por isso, conseguimos chegar a Vila Nova de Santo André antes do meio-dia. Fizemos um almoço improvisado, com coisas que comprámos no supermercado, e num instantinho chegámos ao Parque de Campismo da Lagoa de Santo André.

Um pouco depois de nós chegaram mais três cicloturistas (pai, mãe e filho). Eram canadianos e muito simpáticos. Os pais estavam na casa dos 60 anos e o filho tinha 18. Iniciaram a pedalada em Amesterdão e estavam em viagem há quase dois meses. Umas vezes seguiam de bicicleta e outras de comboio (para evitar o mau tempo e conseguirem "encurtar distâncias").

Os pais eram viajantes experientes e o pai já tinha feito uma espécie de volta ao mundo de bicicleta!!

Adorámos falar com eles.

A caminho da Lagoa de Santo André




Dia 7

Dia de acordar cedo! Mas por mais cedo que acordemos somos sempre muito lentos a preparar as coisas para começar a pedalar...

Contudo, ao que nos pareceu, os canadianos eram ainda mais lentos que nós a "levantar acampamento"! ;) Fomos dizer-lhes adeus e desejar-lhes boa viagem para Sul!

Dissemos-lhes que talvez conseguíssemos chegar hoje a casa, se nos sentíssemos com energia e o tempo ajudasse.

Neste momento o pai disse-nos "You know, you don't have to go home"! :) E nós sabíamos mesmo.

As viagens são algo que vicia,  a seguir a cada uma apetece fazer outra. E as viagens de bicicleta têm um gosto especial. O ritmo é tranquilo, o tempo passa devagar e as histórias vão-se acumulando mesmo que os passeios sejam curtos como este que fizemos pela Costa Vicentina.

Acabámos por chegar neste dia a Lisboa, a casa, depois de 90 km pedalados.

Apanhámos por um triz o barco em Tróia, almoçámos em Setúbal, encontrámo-nos com a chuva na subida para Palmela, aguentámos o desconforto e o cansaço e... chegámos!

Barco de Tróia para Setúbal
À espera do Barco no Barreiro




Não tínhamos de voltar para casa! Nós sabíamos mas voltámos. Cheios de alegria e já a pensar na próxima viagem de preparação para a América a Pedal.





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